Igreja em Campina GrandeO Testemunho da Unidade do Corpo de Cristo nesta Cidade. |
Parte 01 | Parte 02 Continuação... Quão constrangido se sentia Paulo a pregar o evangelho! Ele não podia fazer outra coisa, mesmo que para isso tivesse de trabalhar horas extras, em algum negócio, a fim de que não se transformasse numa carga para outros; e não somente provia para as suas necessidades pessoais, como também para as de seus companheiros. Seu agudo senso de responsabilidade jamais o deixou satisfeito por possuir o suficiente para si mesmo. Ficamos muito aquém do que deveríamos ser, como obreiros cristãos, se só podemos exercer fé no tocante à satisfação das nossas próprias necessidades, mas a nossa fé não abarcar igualmente as necessidades alheias. Geralmente pensamos que, à semelhança dos levitas, temos o direito de esperar que o povo de Deus nos ofereça os seus dízimos; entretanto, inclinamo-nos por olvidar que os levitas, por sua vez, estavam na obrigação de oferecer os seus dízimos. Os obreiros cristãos de tempo integral correm o perigo de se tornarem tão obcecados, pelo muito do que têm deixado, que sempre esperam apenas receber, perdendo de vista, por completo, sua responsabilidade e seu privilégio de contribuir, essa atitude é fatal para o progresso espiritual do obreiro, pois todo crente, sem importar quão exígua seja a sua renda, sempre deve ser um contribuinte. Se sempre receberem, sem jamais contribuírem, serão conduzidos à estagnação. E se não desempenharmos qualquer responsabilidade financeira para com os outros, Deus nos confiará pouco. Em sua segunda epístola aos Coríntios, Paulo se utiliza da seguinte expressão: "...pobres, mas enriquecendo a muitos" (6.10). Sim, aquele homem conhecia o seu Deus! Não importava quão profunda fosse a sua própria necessidade, ele estava sempre preocupado com o enriquecimento de outras vidas, e o que é mais admirável é que sempre se mantinha em posição de enriquecê-las. Irmãos e irmãs, se em qualquer lugar o caráter do ministério que lhes foi confiado for posto em dúvida, então, visando à honra do ministério, não ousem aceitar sustento. Cumpre-lhes deixar a sua posição perfeitamente clara; mas, mesmo depois de rejeitar sustento, não se devem esquecer de sua obrigação para com o próximo. Se tiverem a esperança de aumentar os seus rendimentos, então aumentem as suas contribuições. A experiência de muitos dos filhos do Senhor confirma as Suas próprias palavras - "Dai, e dar-se-vos-á" (Lucas 6.38). Essa é uma lei divina, e só podemos violá-la com prejuízo próprio. O crente gere os seus negócios sobre bases diametralmente opostas do que o faz o incrédulo. Este último poupa a fim de enriquecer; mas o crente se enriquece quando dá. Quiçá o crente não possa aumentar a sua conta bancária com contribuições, mas desse modo é capaz de ir aumentando cada vez mais a sua participação na experiência de Paulo "pobres, mas enriquecendo a muitos". Quase ao encerrar a sua segunda epístola aos coríntios, ao escrever-lhes sobre a sua esperança de visitá-los dentro em breve, Paulo declara: "Eis que pela terceira vez estou pronto a ir ter convosco, e não vos serei pesado; pois não vou atrás dos vossos bens, mas procuro a vós outros. Não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais para os filhos" (12.14). Observem com quanta freqüência Paulo se refere à sua atitude para com as questões financeiras em suas epístolas aos crentes de Corinto, mas sempre que fala sobre a sua própria atitude, aproveita a oportunidade para instruí-los; doutro modo, bem poderiam ter imaginado que ele adotava uma atitude independente, por haver ficado ofendido com as críticas assacadas contra ele e contra o seu ministério. Embora as circunstâncias especiais em que Paulo fora colocado fizesse necessário que se abstivesse de receber ajuda financeira da parte dos coríntios, era ele tão franco e tão liberto que pôde encorajá-los a enviarem ajuda para os santos necessitados de Jerusalém, e, igualmente, pôde jactar-se da liberalidade dos coríntios perante as igrejas da Macedônia. Pessoal-mente, Paulo não precisava do dinheiro deles, mas esse dinheiro era necessário em outros lugares, e Paulo desejava que contribuíssem abundantemente para o próprio enriquecimento deles, e também para o enriquecimento de outros crentes. Gostaria de perguntar se, enquanto vocês se locomovem entre os filhos do Senhor, à semelhança de Paulo, sempre podem estabelecer a diferença entre "vós" e o que "é vosso". Em todas as suas relações com eles, vocês estão visando a "eles" ou ao que "é deles"? Se eles olham para vocês com desconfiança e negam-lhes o que "é deles", podem vocês ainda dar, sem reservas, daquilo que lhes pertence, ou, pelo contrário, o desejo que vocês têm em ministrar a eles desaparece quando, da parte deles, não há qualquer estímulo em forma de vantagem financeira? De conformidade com o ponto de vista natural, Paulo teria sobejas razões para abandonar aos coríntios, mas não podia deixá-los sozinhos, e agora, pela terceira vez, planejava visitá-los. Ele rejeitava o que "era deles", mas continuava desejando a "eles" mesmos, E quão autêntica era essa sua atitude transparece crescentemente enquanto ele abria o seu coração para eles, em suas cartas. A seqüência da passagem que citamos dá prosseguimento aos mesmos sentimentos: "Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol das vossas almas. Se mais vos amo, serei menos amado? Pois seja assim, eu não vos fui pesado; porém, sendo astuto, vos prendi com dolo. Porventura vos explorei por intermédio de alguns daqueles que vos enviei? Roguei a Tito, e enviei com ele o irmão; porventura Tito vos explorou? Acaso não temos andado no mesmo espírito? não seguimos nas mesmas pisadas? (II Coríntios 12.15-18). Vejam a atitude do coração de Paulo nessas palavras! Como ele se derramou em favor dos crentes de Corinto! E como derramou de seus recursos, por semelhante modo! Seremos indignos de nosso alto chamamento como pregadores do evangelho se não pudermos investir tudo quanto somos e tudo quanto temos nessa atividade. Por outra parte, notemos que
Paulo aceitou o auxílio financeiro enviado da Macedônia, pois, sob
circunstâncias normais é correto que o obreiro cristão receba contribuições da
parte de seus irmãos na fé. Paulo não aceitava doações de modo indiscriminado, e
também não as rejeitava indiscriminadamente. Ele era dotado de percepção
espiritual e, caso as condições espirituais do doador fossem corretas, então
Paulo se tornava um grato recebedor. Nós, igualmente, deveríamos discernir entre
aquilo que nos compete aceitar e aquilo que nos convém rejeitar, livrando-nos da
atitude por demais generalizada de aceitar todas as dádivas que nos são
oferecidas. Finalmente, verifiquemos qual a atitude de Paulo em relação aos fundos da congregação. Em 11 Coríntios 8.1-4, escreve ele: "Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus, concedida às igrejas da Macedônia; porque no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos". Tendo sabido da fome em Jerusalém, Paulo informara aos irmãos da Macedônia acerca da necessidade que havia ali. Embora os próprios macedônios estivessem em apertura financeira, ficaram tão comovidos com essa notícia que se negaram a satisfazer às suas próprias necessidades, a fim de enviarem alívio para os seus irmãos, e, movidos de júbilo, enviaram doações acima do que as suas posses lhes permitiam. Tais dádivas por certo não foram feitas sob a obrigação do dever, pois lemos que rogaram fervorosamente ao apóstolo que se lhes fosse permitido ministrar para as necessidades dos santos de Jerusalém. Estavam tão autenticamente vinculados pela mesma vida aos seus irmãos na fé que a sua consciência predominante não dizia respeito à sua própria necessidade imediata, e, sim, à necessidade de membros distantes do Corpo de Cristo. O fato que haviam implorado esse favor, mostra-nos que o apóstolo hesitara em encorajá-los em sua auto-negação, visto que a necessidade deles era tão aguda; mas a importunação deles venceu toda relutância de Paulo. A atitude dos macedônios foi digna de encômios, como também o foi a atitude de Paulo. Achando-se em posição de responsabilidade, Paulo não ousava ignorar a necessidade dos irmãos locais, em sua ânsia de aliviar irmãos de outras paragens; mas os macedônios se sentiam tão libertos do senso de sua própria necessidade e tão autenticamente preocupados pela necessidade dos irmãos que Paulo não pôde deixar de reconhecer a ação de uma vida coletiva, e assim lhes concedeu o pedido. Que belo quadro sobre a relação entre um servo de Deus e aqueles a quem ele busca servir! Nós, que nos chamamos de obreiros cristãos, não devemos saltar de alegria à primeira visão de dinheiro oferecido pelos santos para as nossas próprias necessidades ou para as necessidades de outros, mas antes devemos considerar bem as circunstâncias dos doadores, a fim de que, em seus cuidados pelos seus irmãos na fé, não cheguem ao ponto extremo de se privarem daquilo de que precisam. Tendo dado sua aprovação à contribuição dos santos de Corinto aos santos que se achavam em Jerusalém, agora Paulo os orientava na coleta dos donativos e no envio dos mesmos até seus destinatários. Novamente, podemos aproveitar da mesma epístola aos Coríntios: "Mas, graças a Deus", escreve ele, "que pôs no coração de Tito a mesma solicitude por amor de vós... e, mostrando-se mais cuidadoso, partiu voluntariamente para vós outros. E com ele enviamos o irmão cujo louvor no evangelho está espalhado por todas as igrejas. E não só isto, mas foi também eleito pelas igrejas para ser nosso companheiro no desempenho desta graça, ministrada por nós, para a glória do próprio Senhor...evitando assim que alguém nos acuse em face desta generosa dádiva administrada por nós; pois o que nos preocupa é procedermos honestamente, não só perante o Senhor, como também diante dos homens. Com eles enviamos nosso irmão, cujo zelo em muitas ocasiões e de muitos modos temos experimentado" (8.16-22). Notem quão cauteloso foi Paulo em todo esse negócio. Já perceberam como ele não manuseou pessoalmente o dinheiro? Tito é quem recebeu a responsabilidade de fazer a coleta. E dois outros irmãos altamente reputados foram nomeados para acompanhá-lo - "o irmão cujo louvor no evangelho está espalhado por todas as igrejas" e o irmão "cujo zelo em muitas ocasiões e de muitos modos temos experimentado". A administração das finanças da igreja nunca deve ser deixada ao encargo de uma única pessoa; sempre deveria ser manuseada conjuntamente, ao menos por duas ou três pessoas. Devido à necessidade de se exercer cuidado extremo no tocante às questões de dinheiro, Paulo, escrevendo tanto a Timóteo quanto a Tito, declarou que nenhum indivíduo cobiçoso deveria ser investido da posição de ancião em uma congregação local (ver I Timóteo 33 e Tito 1.7). E, em I Timóteo 3.8, a mesma estipulação é apresentada quando o apóstolo aborda o ofício dos diáconos. Ninguém está qualificado a ocupar uma posição de responsabilidade na igreja se não sabe manusear fielmente o dinheiro. Pedro frisa o mesmo ponto que Paulo: "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade" (I Pedro 5.2). A cobiça é um problema que exige tratamento drástico, porquanto, a menos que o solucionemos de maneira radical, cairemos em dificuldades mais cedo ou mais tarde. Que pela graça de Deus possamos andar corretamente em todas as nossas questões financeiras; e que possamos ser capacitados a assumir responsabilidade perante Ele, não somente para satisfação de todas as nossas próprias necessidades materiais, mas também para satisfação, na medida de nossa capacidade, das necessidades de nossos companheiros na fé. Texto extraído do livro:
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sexta-feira, 27 de agosto de 2021 21:53:23 |