Leitura:
"Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Quando alguma pessoa pecar, e
cometer ofensa contra o SENHOR, e negar ao seu próximo o que este lhe
deu em depósito, ou penhor, ou roubar, ou tiver usado de extorsão para
com o seu próximo; ou que, tendo achado o perdido, o negar com falso
juramento, ou fizer alguma outra cousa de todas em que o homem costuma
pecar, será, pois, que, tendo pecado e ficado culpado, restituirá aquilo
que roubou, ou que extorquiu, ou o depósito que lhe foi dado, ou o
perdido que achou, ou tudo aquilo sobre o que jurou falsamente; e o
restituirá por inteiro ainda a isso acrescentará a quinta parte; àquele
a quem pertence, lho dará no dia da sua oferta pela culpa. E, por sua
oferta pela culpa, trará, do rebanho, ao SENHOR um carneiro sem defeito,
conforme a tua avaliação, para a oferta pela culpa; tra-lo-á ao
sacerdote"
(Levítico 6.1-6)
Se cometermos tais ofensas (ou culpas), o que deveremos fazer? Sabemos,
é claro, que, de fato, precisamos lidar com a questão. "Será, pois, que,
tendo pecado e ficado culpado (...)" (v. 4). Pecar é um ato, e ficar
culpado é ser acusado diante de Deus. O que devemos fazer quando estamos
sendo acusados diante de Deus? "(...) restituirá aquilo que roubou, ou
que extorquiu, ou o depósito que lhe foi dado, ou o perdido que achou,
ou tudo aquilo sobre o que jurou falsamente; e o restituirá por inteiro
ainda a isso acrescentará a quinta parte; àquele a quem pertence, lho
dará no dia da sua oferta pela culpa" (vv. 4, 5). Trata-se de uma
ordenança muito importante. Em primeiro lugar, devolva por inteiro o que
pegou. Tudo o que não nos pertence não deve permanecer em nossa casa.
Como você pode esperar que a sociedade seja limpa se você, sendo
cristão, não o é? Como você espera que as outras pessoas devolvam o que
pegaram se você, sendo cristão, não as devolve? Todo cristão precisa ser
limpo. Temos de devolver ou pedir desculpas tão logo pudermos.
Existe uma diferença básica entre a natureza da oferta pelo pecado e a
natureza da oferta pela culpa. A oferta pelo pecado significa
"conciliar", ao passo que a oferta pela culpa, "restituir". Não somos
capazes de devolver para Deus nada concernente ao que pecamos. Também
não podemos conciliar-nos com os homens se pecamos contra eles. O pecado
que cometemos deve ser propiciado diante de Deus pelo sangue do Seu
Cordeiro. No entanto, quando pecamos contra os homens, precisamos fazer
restauração em vez de propiciação. Se somos infiéis na questão do
depósito ou se lucramos por meios impróprios, devemos restituir ao dono.
Se não fizermos a devolução (ou restituição), não poderemos oferecer uma
oferta pela culpa. Ser perdoado por Deus, pelo sangue do Senhor Jesus, é
algo verdadeiro. Porém, você acabará perdendo a comunhão com Deus se, ao
pecar contra os homens, recusar-se a fazer a devolução. Sempre que você
pensar no que fez, sua consciência ficará inquieta. Assim, você não terá
liberdade de estabelecer comunhão com Deus. Uma vez, F. B. Meyer[i] foi
convidado para participar da Conferência de Keswick, na Inglaterra. Qual
foi a primeira mensagem que ele pregou naquela época? Ele disse:
"Devemos compreender algo se pretendemos que Deus nos abençoe e reavive.
Precisamos entender que, enquanto não acertarmos as dívidas que restam,
não receberemos bênçãos nem seremos reavivados." Essa palavra foi muito
eficaz, pois, no dia seguinte, todas as ordens de pagamento foram
esgotadas no correio de Keswick. A partir desse incidente, é possível
concluir que muitos cristãos são injustos.
Muitas pessoas dirão: "Não matamos ninguém nem ateamos fogo em nenhuma
casa!" Mas me deixe dizer que, caso você deva alguma coisa a alguém, a
pendência pode fazer com que perca a comunhão com Deus. O sangue de
Cristo purifica nossos pecados, pois limpa-nos a consciência — mas não
limpa nosso coração. Nosso coração só será purificado quando acertarmos
nossas relações terrenas.
Surge uma situação mais difícil quando o cabeça de uma família
fundamenta seu lar sobre uma base injusta. Se esta injustiça não for
tratada, será quase impossível estabelecer uma boa comunhão com Deus,
pois sua consciência será pressionada, e seu crescimento, impedido.
Contudo, sempre que estiver ao seu alcance, devolva o que não lhe
pertence. Se a devolução for impossível em virtude de circunstâncias
peculiares, o Senhor aceitará o seu coração bem-intencionado. Por
exemplo, determinado irmão devia dezenas de milhares de dólares. Ele
havia ganho uma enorme quantidade de dinheiro por meios ilícitos, mas,
então, gastou quase tudo, e apenas alguns milhares de dólares sobraram.
Todavia, ele precisava sustentar os filhos e me perguntou o que deveria
fazer. Eu lhe disse: "Se você tivesse 50 dólares no banco, você se
recusaria a devolver o dinheiro que deve? Se sim, não seria por causa de
falta de dinheiro, mas pela sua falta de vontade de devolvê-lo." Se esse
fosse o caso, Deus não o livraria. A consciência desse homem, a partir
de então, não lhe daria paz. Por isso, aconselhei-o a devolver tudo o
que tinha. Eu lhe disse que era muito melhor ser pobre do que ter uma
consciência perversa. Enquanto você não lidar com os seus pecados, sua
energia espiritual será sugada.
Fonte: "Vida Cristã Equilibrada" de Watchman Nee.
Copilado do Site da Igreja em Uberaba |